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Resenha: Cadaver – “The Age Of The Offended” (2023)

“The Age Of The Offended” é o novo álbum lançado pelo Cadaver, banda norueguesa de Death Metal.



Por conta do nome, a banda parece ser brasileira, mas não é. Surpreendentemente, trata-se de um ícone do underground norueguês, surgido em meados de 1988 com seu Death Metal primitivo e visceral. Assim, fugindo das hordas negras tradicionais da época. A banda passou por idas e vindas, e graças à força de vontade do guitarrista e vocalista Anders Odden, mais conhecido como Neddo, um dos membros fundadores, está de volta. Porém, tendo participado de todas as formações do Cadaver e sendo o principal compositor.

Desde 2014, Neddo conta com a parceria do baterista Dirk Verbeuren, atualmente sendo o dono das baquetas no Megadeth do patrão rígido Dave Mustaine. Com a adição do baterista, Neddo decidiu gravar o quinto álbum da banda com Dirk na bateria. Tudo isso após o retorno da banda que havia se separado em 2004, ano de lançamento do disco “Necrosis”, e voltando somente em 2010.

Cadaver/Divulgação

Um nome que quase resulta em cadeia

Embora temporariamente conhecido pelo apelido de Cadaver Inc., o site da banda estava sob investigação do governo norueguês, porque parecia ser o site de uma empresa profissional especializada no descarte de evidências de assassinato, que tinha até um número 1-800 funcionando. Precavida, a banda retirou o “Inc.” de seu nome após o site ter caído, embora seu site antigo esteja parcialmente disponível em archive.org.



A história parecia ter terminado por aí, mas como desgraça é pouco na vida do cidadão, ela teve continuidade logo a partir de uma turnê nos EUA em abril de 2002.

A banda teve várias datas canceladas quando seu agente foi procurado pela polícia e fugiu. Isso acabou complicando ainda mais. Então, os músicos decidiram extirpar a palavra “Inc.” de seu nome após o retorno para casa.

Ficha de despacho do Cadaver

“The Age Of The Offended” foi lançado no dia 21 de julho via Nuclear Blast e com sua gravação acontecendo entre outubro de 2021 outubro e 2022, sendo realizado em mais de um estúdio. Os locais foram:

  • Daufembach Studio, LA, EUA.
  • Villa Necro, Helsinque, Finlândia.
  • Studio Tomb, Råde, Noruega.
  • Studio Studio, Nyhagen, Noruega.

A banda natural de Råde/Fredrikstad, Viken, deixou nas mãos de Adair Daufembach os encargos de engenharia, mixagem, masterização e produção do álbum. Entretanto, este recebeu ajuda da dupla Kjartan Hesthagen e Anders Odden, na parte de engenharia adicional. O responsável pela obra de arte atende por Khaine Al Hazared, juntamente da Fleshflies, e com o layout constituído por AJ Loeb.



Quatro foram os músicos convidados para construir a orquestra. Enquanto Oivind Senander (teclado) e Svein “Tuba” Johannessen (trombone) contribuíram com serviços para “Sycophants Swing”, introdução de abertura do disco, Ronni Le Tekrø (guitarra) aparece em “Deadly Metal”, faixa de número 11 do novo full length. Já Eilert Solstad, utiliza um contrabaixo acústico (daqueles grandões maiores que um violoncelo, só para exemplificar) na faixa 10 chamada “Dissolving Chaos”.

Cutucando a ferida do cadaver ofendido

É aqui a qual começamos a nossa jornada pútrida, fúnebre e divertida. Sim, pois aqui o Death Metal impera soberano e com sede de sangue. Ou seja, o amor tradicional se espalhará em nossos ouvidos e mentes a partir de agora. Estaremos dando ênfase em toda a jornada, incluindo os singles e músicas com participações especiais, das quais estaremos observando atentamente seus crimes passionais musicais (no melhor dos sentidos, hein!) para ver se somaram à nova obra ou se a aniquilaram por completo. Vamos agora recolher o Cadaver.

Cadaver/Divulgação

Os passos tortuosos do Cadaver

O enfoque na era dos ofendidos acontece por intermédio de “Sycophants Swing (Intro)”. É aonde os bajuladores realizam seus vitimismos e é feito um balanço sobre essa tramoia. A intro de “The Age Of The Offended” abre as cortinas sob a luz de guitarras lamuriantes, que beiram o Metal Negro adiante. Assim, emendando com as bases todo o arquétipo do som da morte plena junto aos teclados de Oivind Senander. Em meio a esse ótimo tumulto inicial, se ouve o trombone de Svein “Tuba” Johannessen, sendo tocado literalmente a plenos pulmões. A impressão é de um som de suspense misturado com uma vinheta de rádio do início do século XX. A introdução faz toda a honraria e oferece o palco para “Postapocalyptic Grinding”.

Estão moendo os miolos já deteriorados das pessoas. Nunca esteve tão fácil de controlá-las e dizer que fazer o mau é bom. Elas acreditam nisso e nem sequer questionam. Após o pandemônio recente, muitas áreas foram de mal a pior, incluindo o diálogo e o debate construtivo. Essa canção mói os miolos por conta também das linhas de bateria de Dirk, enquanto as guitarras se dividem entre o uivo congelante e as camadas sorrateiras. Os vocais de Nodde encarnam uma parcela do Black Metal, sem soar exagerado. Com os blast beats, os solos moem o pensamento de quem planeja fugir desse ritmo contagiante.



Em terceiro lugar temos a população sendo tratada como a escória desse, pois a alienação ganhou tons de pura e primitiva ignorância, representada nos grooves iniciais, sendo enfeitados ainda no início por ótimas notas de baixo. A desgraceira se mistura com o lado progressivo, trazendo à memória o Pestilence de Patrick Mameli. “Scum Of The Earth” se transforma e mantém sua identidade tradicional e visceral com linhas instrumentais bem pesadas.

Precisa-se de um psiquiatra para salvar as pessoas da morte causada pelos vitimistas

Hoje estamos na era dos ofendidos, sendo que até pouco tempo vivíamos em plena era da frescura. Frescura essa que ganhou tons muito mais fortes sem se importar sobre haver motivo ou não. “The Age Of The Offended” possui uma receita clara de Black Sabbath e Slayer em seu modo inicial, bem como a travessia para um mergulho mais denso e sangrento.

O Metal Da Morte reina mesmo nos momentos mais cadenciados, que por sua vez, servem de entrada para as jornadas com pedais duplos constantes. Os vocais de Nodde quase sussurrados em dados momentos tornam mais impressionante, junto à climatização. Contudo, a pancadaria retoma o seu habitat natural, até que possam haver novas e gratas variações sonoras através dos dedilhados e riffs cavalares. Com toda a certeza, foi a faixa para receber um bom videoclipe.

A morte mental é revelada através dos espasmos neuróticos de “Death Revealed”. Tanto que os riffs iniciais encaminham seu comboio de notas rápidas logo em seu princípio. O ritmo mais frenético impõe mais ódio musical através dos solos e também das partes ultrassônicas. Percebe-se também a inclinação ao Black Metal nos momentos mais insanos, provocando um misto de sonoridades excelentes.



O psiquiatra vem para tentar solucionar os problemas da sociedade atual, corrupta, burra e imbecil. “The Shrink” mostra o lado sombrio e macabro através de compassos demarcados pelo metrônomo de maneira eficaz. Riffs pesadíssimos se juntam aos solos distorcidos, provocando um misto de sentimentos como se fosse cada paciente em um consultório de psiquiatria. O caldo engrossa e mais solos surgem, liberando a artilharia pesada de Dirk e os riffs soberanos de Nodde.

O ser não precisa mais pensar, pois está morto por dentro

Ainda podemos acreditar na esperança de uma nova era celestial. Porém, até para o Jaspion seria complicado. São vários os cadáveres rastejando e “bostejando arjumentos” por aí afora. “Crawl Of The Cadaver” se equipa de todo o aparato musical providencial e oferece ao cadáver um enterro digno, mantendo as tradições e a boa conduta, seja com uma bateria trepidante ou repleta de blast beats.

“The Drowning Man” destaca através de seu som instigante e rastejante a história do homem que se afoga com seus próprios dizeres e pensamentos imprestáveis. A onda sonora caminha vagarosamente sem que os vícios velozes a desesperem. Mas, sofrem variações de modo que se possa ouvir o poder de fogo de ambos os músicos. Perceba a partir do momentos dos solos em diante e veja a habilidade de ambos sem soarem forçados ou exibidos. O lado extremo é tamanho que acaba flertando fortemente com outro subgênero já citado.

Afinal de contas, quanto mais doente e mais retardado, melhor para os comandantes deste castelo de cartas pisoteadas. A triunfante “The Sicker, The Better” chega com tudo e esbanja toda a sua energia macabra, sendo mais intensa que muitas das outras canções. Os solos completamente endiabrados, evidenciam toda a orquestração destruidora de lares ortodoxos, colocando tudo em chamas e tentando recuperar a maior parte desses doentes vendados para a realidade.



Cadaver/Spotify

Um cadáver em um mundo distópico

O caos é dissolvido claramente em “Dissolving Chaos”. O início remete ao plugamento da guitarra no amplificador e a jornada em um mundo distópico começa. Misture o que você conhece da escola americana e sueca com bandas que fundem o Metal Extremo com o progressivo e experimental. E então, terá a sensação de congelamento concluída com sucesso, graças à contribuição em perfeitas condições de Eilert Solstad, tocando seu contrabaixo acústico e dissolvendo todo o caos provocado pelo gado em cabresto.

As questões morais e cívicas estão mortas. Portanto, volte para a caverna e retome sua fraca e vã sabedoria através das sombras na parede. É isso o que “eles” dizem. “Deadly Metal” exalta o lado mortal das ideias espalhafatosas e sem sentido. O início bem “Crazy Train” de Ozzy Osbourne nos moldes extremos, triturando toda a inveja e vontade de pisotear que conquista algo de valor, seja sentimental ou material. Após uma pequena pausa, o lado visceral e pantanoso toma conta do cenário, apoiado pelo guitarrista convidado Ronni Le Tekrø.

E quem também contribui para esse massacre sonoro é o próprio Nodde, seja com suas linhas animalescas de guitarra, seja com seus vocais esganiçados e infernais. Dirk segue com seu ímpeto e sabe dosar suas habilidades como um grande baterista que é. Os solos velozes e distorcidos como se estivessem sendo feitos em água escaldante, tornam o som ainda mais agressivo, sendo um deleite para que não é ferido facilmente por qualquer besteira que possam dizer.

“Raise your fists high in the air
We will win so don’t despair
Fight the evil with our night
We will conquer it’s our right”



Os anseios em meio ao isolamento de um cadáver

O desejo de estar sempre um passo a frente dos demais incomoda até quem o observa. “The Craving” possui uma primeira parte bem Death N’ Roll e que logo descamba para o Death/Black convencional, ou seja, característico do Cadaver sem “Inc”. Em breves momentos, possui similaridades com a sonoridade do Necrophobic, sendo uma possível inspiração ou somente ideias próximas. Novamente, os solos abusam da qualidade, trazendo o clima para a temperatura certa. E os vocais ganham tons mais graves ao término da canção, dando um ar ainda mais satânico à faixa.

O encerramento ocorre com o profusão do isolamento por congelamento cerebral. Você deixa de pensar e apenas utiliza da conduta ou a cartilha referida ao plano que você deseja sempre fazer parte. “Freezing Isolation” termina os relatos de forma devagar e suja. Logo em seguida, Nodde e Dirk espalham sua malevolência sonora em meio a todo o caos congelante e ao mesmo tempo incinerador de mentes vãs.

As variações sonoras sendo acompanhadas pelos pedais e duelos de pratos, provocam o ímpeto necessário para aproveitar o último capítulo dessa história de forma heroica e vibrante. A canção ganha tons mais melodiosos e entristecidos junto aos solos e às melodias abertas, terminando de forma melancólica e ao mesmo tempo com um ar de “continua no próximo episódio”.



Nuclear Blast Records

Conclusões e informações sobre o Cadaver

O Cadaver foi diagnosticado sem o “Inc.” e todos achavam que não poderia mais cambalear por aí como um zumbi. As pessoas estavam erradas, pois Cadaver que se mexe, sabe onde está e para aonde ir. Nesse caso, o Cadaver norueguês nos presentou com um artefato sonoro muito especial ao saber lidar com os desafios de alimentar o seu Metal Extremo característico com uma dose de conhaque das profundezas de forma exemplar.

O nome do álbum e das músicas explanam muito bem sobre o que vivenciamos nos dias de hoje. Portanto, é assertiva a ideia de mencionar as frescuras gigantescas dos dias atuais.

Dirk Verbeuren acaba sendo econômico no Megadeth, tamanha a sua habilidade e conhecimento musical, principalmente em se tratando de bateria, obviamente.

Ronni Le Tekrø e Eilert Solstad fazem parte da banda como guitarrista e baixista, respectivamente. Porém, não participaram ativamente das gravações de “The Age Of The Offended”.



Agora, sem os problemas com o nome e distante da polícia, que o Cadaver possa caminhar em paz, lançando mais discos e colocando os pés apodrecidos nas bandas de cá.

“You feel alive
Betrayed and circumcised
You are from the other tribe
I will survive
The age of the offended”

nota: 9,0

Integrantes:

  • Nodde (vocal, guitarra, baixo)
  • Dirk Verbeuren (bateria)

Artistas convidados

  • Ronni Le Tekrø (guitarra – faixa 11)
  • Eilert Solstad (contrabaixo acústico – faixa 10)
  • Oivind Senander (teclado – faixa 1)
  • Svein “Tuba” Johannessen (trombone – faixa 1)

Faixas:

1 Sycophants Swing (Intro)
2 Postapocalyptic Grinding
3 Scum Of The Earth
4 The Age Of The Offended
5 Death Revealed
6 The Shrink
7 Crawl Of The Cadaver
8 The Drowning Man
9 The Sicker, The Better
10 Dissolving Chaos
11 Deadly Metal
12 The Craving
13 Freezing Isolation



Redigido por Stephan Giuliano

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