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Resenha: Corporate Death – “IV” (2022)

Brasil e suas brasilidades. Se em outros âmbitos o país anda de mal a pior, no quesito “múzga” a coisa anda muito bem. E para cravar a verdade sobre esse momento positivo do Metal, trago ao honorável público um lançamento pertencente ao caminho sangrento e mortífero do som pesado. Estou falando de um dos grandes representantes de Jundiaí, São Paulo, o Corporate Death.



Com início das atividades datada em 2001, o Corporate Death chegou ao seu quarto disco através do lançamento do batizado em algarismo romano, “IV”, ligando diretamente ao seu arsenal atual. O novo álbum foi lançado no dia 18 de março via parceria entre Misanthropic Records, Cianeto Discos e Extreme Sound Records, sendo distribuído pela Rapture Records, e marca a sequência da jornada após o fechamento de sua primeira trinca inicial formada por “Terminate Existence” (2008), “Angels & Worms” (2013) e “Reborn” (2017). Resta saber se os novos caminhos poderão gerar bons frutos para a banda jundiaiense de acordo com a sonoridade contida neste trabalho recente. Isso nós iremos conferir a seguir.

Facebook/Divulgação

Antes de mergulharmos nesse caldeirão vermelho e pútrido, devo mencionar que as funções de mixagem e masterização do novo trabalho ficaram a cargo de Henrique Fioravanti, enquanto Raphael Gabrio cuidou do layout, e a arte de capa é apontada para o FDHLL (Eza Fadhlul). O guitarrista da banda, Damien Mendonça, em parceria com Rogério Wecko, cuidaram das gravações. Quem assina a produção é o baterista Rafael Cau. Além disso, o disco conta com as participações de José “Motor” Mantovani (baixo, Collapse NR, Desecrated Sphere, Infected Sphere, Ayin), Aline Lodi (vocal, ex-Corporate Death, ex-Exhortation), Laudmar Bueno (vocal, ex-Corporate Death, ex-War Eternal), Evandro Miranda (guitarra e vocal, Akinetopsia; baixo, Vomepotro) e André Bairral (vocal, Fim Da Aurora). Todas as linhas de baixo foram gravadas por Mantovani. Informações passadas, então… “Bora pro arrebento!”

O armagedom inicial é marcado pelo luto de “Mourning Of Angels” junto aos passos que se aproximam de uma porta, enquanto se escuta uma reza em coro ao fundo. Ao ranger da mesma sendo aberta a canção começa em plena desgraça sonora. Um dedilhado gorduroso rachando o teto da capela e o primeiro rugido do urso degolado também tido como vocalista é ouvido em seu princípio. Receita ideal para a abertura de um disco promissor de Death Metal. As variações rítmicas em meio aos vocais ultra cavernosos trazem à tona bandas do porte de Malevolent Creation e Incantation para se ter uma ideia do teor de violência contida nesse primeiro e belo petardo. Os momentos ainda mais insanos trazem aquele tempero casca grossa recheado de blast beats. Diante do luto angelical temos a representação sonora de um imponente guardião com “Soulkeeper”, que vem a ser uma típica canção “quebra pescoço” pronta para fazer você banguear até sua alma corrompida escapar do seu corpo vazio e sem valor em nenhum plano dimensional. O líder da microfonia devastadora de lares ortodoxos atende por Flávio Ribeiro, podendo confiar no ar extremo e impiedoso de suas linhas vocais. Nessa nobre canção o estrondo causado pelo kit do baterista Rafael Cau remete aos grandes momentos do glorioso Krisiun e também ao grande Asesino, sendo este último destaque ficando ainda mais evidente em determinados riffs de guitarra, principalmente ao lembrar do debut dos caras, o ótimo “Corridos De Muerte” (2002).



Facebook/Divulgação

“Tides Of Misery” completa os três primeiros passos dessa nova história e traz consigo uma grande e mísera maré (apenas no tema, pois em questão de musicalidade está para lá de alta e rica). A abertura dessa barulheira apresenta aquele velho chichê do primeiro riff abafado para depois aumentarem o volume total e fazer o seu bairro se dividir em dois parecido com a falha de San Andreas. Ainda temos características do já citado Asesino, incluindo um breve e magnífico momento com um dedilhado introdutivo que acontece entre os primeiros acordes e a sequência de toda a levada. As pausas e retornos aos momentos aterrorizantes da música fazem prevalecer a qualidade do trabalho feito com suor e sangue das vítimas. A miséria permeia o ambiente e tudo fica evidente em cada estrofe esganiçada. O final possui um toque de modernidade com aqueles famosos breakdowns e até mesmo uma melodia melancólica e breve de guitarra junto ao peso, e a timbragem extrema das bases do som acontece de forma a fechar as cortinas por aqui. Dessa vez, o cine trash ataca com “Kill The Whore” e sabemos que muitos assíduos leitores apreciam uma estonteante whore. Não é mesmo? Seria uma intro simulando um sufocante assassinato? Com um pouco de Headhunter D.C. e Nervochaos na linha de características e possíveis influências, a insanidade toma conta do certame e banha o gramado do campo com sangue de meretrizes. Triste fim para a jovem e ponto para a agressividade sonora.

O desespero toma conta do cenário caótico com cheiro e gosto de ferrugem ao mesmo tempo em que é anunciada a faixa “Silent Dispair”. Tenha seus ouvidos prontos para sangrarem em alusão ao seu desespero por estar em um lugar completamente cercado. Sair pela janela? Nem o Superman desse universo faria isso, pois teriam grades de contenção com criptonita. Breves melodias enfeitam o encordoamento ranzinza e maquiavélico. O baixo fica bem evidente nos momentos mais densos da canção, evidenciando o cansaço da vítima presa, enquanto esta tenta a plenos pulmões escapar das armadilhas de seu malfeitor. Entre os becos quase imperceptíveis temos “In The Shadows”, faixa que entrega uma assombração sonora completa. As participações especiais abrilhantam ainda mais essa nova joia oriunda das profundezas do castelo do antidivino. As variações enriquecem este que pode vir a ser um dos hinos da banda futuramente. É questão de maturação do trabalho bem feito.

Vocal Sessions/Facebook/Divulgação

O pesado e impetuoso fardo é entregue pelas notas macabras de “The Burden”. Fardo este que é carregado com maestria pelo hoje power trio de Jundiaí. Como um gol da Bélgica, essa faixa entrega mais três pontos em favor do time cada vez mais confiante e poderoso. Riffs cavalares, cortesia do ótimo guitarrista Damien Mendonça, encantam a dama que está tomando a sua taça de royal blood favorita. O último gole é consumido junto com a sonoridade que se esvai de forma magistral. Dizem que “aqui se faz e aqui se paga”, mas há quem entregue o lance punitivo para o apontar das nuvens. E aos céus é apontado o final da obra com a interpretação de “Judgement In Heaven”. E não poderia ser diferente, afinal de contas, faltava aquele ar misterioso contido no início do disco. Um sofro gelado, imaginando o olhar ao alto enquanto as nuvens carregadas passam… Sinos badalando… O pecado está para começar… Sim! É hora da despedida com louvor. Nela temos nuances claras e certeiras de Behemoth, Hate e novamente Krisiun. O dedilhado vagaroso inicial funciona como combustível para que tudo à sua volta vá pelos ares em questão de segundos. Vocais no ponto mais podre da trama, bateria incendiária de alojamentos, guitarras flamejantes que fazem derreter o asfalto por completo, além de um baixo que pulsa e estremece todo o plano carnal. Acertaram em cheio no rodapé deste trabalho que, antes de seu fim, apresenta uma versão um pouco diferente da abertura, tornando ainda mais especial para toda a criatura de outro plano que se preze poder aplaudir de pé no topo do vulcão!

Facebook/Corporate Death/Logo Oficial

Quando são esquecidas as modernidades em demasia a coisa flui livremente, trazendo um ar de dedicação e competência para a construção de um álbum digno. Esqueçamos os exageros dos breakdowns sem sentido e coloquemos mais riffs que se comuniquem de fato com o registro. Pode ser cedo para dizer se “IV” é o melhor disco do Corporate Death, mas uma coisa é mais do que certa: os caras honram a camisa que vestem e investem em um Death Metal, sério, coeso e brutal, ou Brutal Death Metal, como queira. Aprecie o som da morte de forma corporativa.



Nota: 8,6

Integrantes:

  • Damien Mendonça (guitarra)
  • Flávio Ribeiro (vocal)
  • Rafael Cau (bateria, vocal)

Participações especiais:

  • José “Motor” Mantovani (baixo)
  • Aline Lodi (vocal)
  • Laudmar Bueno (vocal)
  • Evandro Miranda (guitarra e vocal)
  • André Bairral (vocal)

Faixas:

1. Mourning Of Angels
2. Soulkeeper
3. Tides Of Misery
4. Kill The Whore
5. Silent Dispair
6. In The Shadows
7. The Burden
8. Judgement In Heaven

Redigido por Stephan Giuliano

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