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Resenha: Cradle Of Filth – “The Screaming Of The Valkyries” (2025)

Interessante ser esta a primeira resenha que escrevo sobre o Cradle Of Filth, já que acompanho a banda desde seus primeiros álbuns quando ainda eram classificados de maneira simplória e errônea como apenas mais uma banda de Black Metal. Dessa forma, não é preciso ser um gênio para saber que recebiam uma tonelada de críticas descabidas dos fãs mais puristas. O grupo demorou para ser compreendido e os consumidores do Metal extremo insistiram por anos à fio em colocar os ótimos discos de Dani Filth e seus comparsas, no mesmo balaio de bandas que não tinham absolutamente nada em comum com o que era praticado pelo Cradle.



Depois de muito tempo, quando a banda já era uma das maiores neste segmento, foi que surgiu a classificação Extreme Gothic/ Symphonic Black Metal. Sem dúvida, a mais adequada para representar a musicalidade complexa e única do Cradle Of Filth. É verdade que em determinado momento da discografia, talvez em discos como “Nymphetamine” (2004) e “Thornography” (2006), o lado mais Gothic Metal estava aflorado em demasia e, se formos muito exigentes, podemos dizer que deram uma leve derrapada.

Photo: Jakub Alexandrowicz

O mais justo seria dizer que estamos diante de uma banda que, desde seu primeiro álbum de estúdio, jamais se afastou muito das suas principais características. E além disso, ainda é uma das poucas que carrega consigo um DNA musical inegavelmente único, seja pela maneira inimitável de Dani cantar ou pelas estruturas líricas e a construção dos fraseados vocais serem absolutamente diferentes de tudo o que está por aí. Soma-se a isso os trechos orquestrados, os vocais femininos, os solos de guitarra melódicos e toda a parte visual… Definitivamente, não existe nenhuma banda como o Cradle Of Filth.

Uma obra caótica que mergulha dentro do próprio catálogo da banda

“The Screaming Of The Valkyries” é o primeiro trabalho de estúdio lançado pela Napalm Records e o décimo quarto da carreira. O disco chegou às lojas e plataformas de streaming no último dia 21 de março e veio com a difícil missão de superar os últimos dois registros, “Cryptoriana (The Seductiveness Of Decay)” (2017) e “Existence Is Futile” (2021). Este último, eleito primeiro lugar em nossa lista de melhores do ano na categoria Black Metal naquele ano, veja a lista completa clicando AQUI.



Sobre “The Screaming Of The Valkyries”, é justo afirmar que ele traz elementos de basicamente toda a trajetória da banda. Desde faixas mais viscerais e velozes como “To Live Deliciously” e “When Misery Was A Stranger”, com referências aos primórdios, passando por “Demagoguery” e “White Hellebore”, onde encontramos elementos de álbuns como “Dusk And Her Embrace” (1996) e “Midian” (2000), culminando em composições mais melódicas como “Malignant Perfection” e “Non Omnis Moriar”, onde se mesclam melodias apresentadas em trabalhos como o seminal “Cruelty And The Beast” e discos onde o lado Gothic Metal é mais explorado.

Nota do redator: esses videoclipes são simplesmente sensacionais e altamente indicados a amantes do terror.

A eterna capacidade de se reinventar

“The Trinity Of Shadows” é uma faixa que exemplifica muito bem o trabalho do novo guitarrista Donny Burbage. O músico acrescentou muito na musicalidade da banda, trazendo riffs simplesmente fantásticos e somando uma técnica muito diferente daquela apresentada por Ashok. Com isso, o Cradle Of Filth ganhou uma dupla com características muito distintas, mas que ao somar forças, adiciona novos temperos a uma identidade que, por si só, já é repleta de originalidade.

O disco ainda apresenta “You Are My Nautilus” e “Ex Sanguine Draculae”, as duas mais longas do tracklist e, cada uma delas, resgatando diversos elementos tanto do início da trajetória, como novamente de “Cruelty And The Beast” (não adianta, este é uma referência eterna!) e obras mais recentes como “Godspeed On The Devil’s Thunder” (2008) e “Hammer Of The Witches” (2015).



Vale destacar a imensa capacidade que Dani Filth tem ao se reinventar utilizando o próprio catálogo, mas nunca deixando de olhar para o horizonte em busca de novas peculiaridades. Um dos pontos fortes do Cradle Of Filth há bastante tempo são as produções impecáveis e em “The Screaming Of The Valkyries” isto é mais uma vez a regra. Todas as climatizações, orquestrações e momentos atmosféricos/soturnos, casam com a aura malévola e blasfema das músicas.

Mais de 30 anos depois o Cradle Of Filth ainda é uma banda incompreendida

A tecladista Zoe Marie Federoff dá um show com seus vocais femininos muito bem encaixados, o baterista Marthus é uma máquina humana de moer e Dani conseguiu finalmente encontrar um meio termo entre a extravagância e o simples/funcional. Em pleno 2025, a audição de um novo álbum do Cradle Of Filth continua sendo uma experiência imersiva que recomendo a todos que apreciam música extrema, mas não se deixam levar por padrões e dogmas pré-estabelecidos. O detalhe é que o grupo britânico fez isso há nada menos que 34 anos e muita gente ainda não se deu conta disso.

Photo: Jakub Alexandrowicz

Um ponto que vale ser destacado é que se falou muito sobre a colaboração entre o Cradle Of Filth e o astro pop Ed Sheeran. Esta parceria realmente aconteceu, a música foi gravada e está pronta para ser lançada em algum momento no futuro, mas sabiamente Dani não quis colocar a canção no novo álbum. Certamente, iria desvirtuar a análise e um ótimo trabalho poderia ser alvo de polêmicas desnecessárias por conta dela.

Concluindo, “The Screaming Of The Valkyries” é um disco onde os opostos se atraem e dão vazão a uma obra deliciosamente grotesca. É rápido, visceral, agressivo e muito pesado, mas também é bonito, bem executado, orquestrado e melodioso. Dessa forma, precisamos dar os parabéns aos envolvidos, pois conseguiram mais uma vez conceber um trabalho irretocável e acima de críticas enfadonhas sobre “não ser Black Metal o bastante”. Dane-se todas essas bobagens!



“We desire, we tire fate
We raise poetic spires
To clearly overcompensate

Bespoken ‘neath erotic stars
Each to their own psychotic caste

We wish to live deliciously
We wish to live deliciously
We wish to live deliciously”



Nota: 9

Integrantes:

  • Dani Filth (vocal)
  • Marthus (bateria, teclado, orquestrações)
  • Daniel Firth (baixo)
  • Ashok (guitarra)
  • Donny Burbage (guitarra)
  • Zoe Marie Federoff (teclado e vocais femininos)

Faixas:

  1. To Live Deliciously
  2. Demagoguery
  3. The Trinity Of Shadows
  4. Non Omnis Moriar
  5. White Hellebore
  6. You Are My Nautilus
  7. Malignant Perfection
  8. Ex Sanguine Draculae
  9. When Misery Was A Stranger
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