“Unreal” é o segundo full lenght da banda alemã de Hard Rock, Czakan.
Eis que chego com mais uma daquelas histórias que arrepiam. Já contei tantas delas aqui, que sequer lembro todas de cabeça.
O assunto de hoje tem uma marca, que é um subgênero do Hard Rock, chamado AOR, ou Adult Oriented Rock, que em português significa ”Rock Orientado para Adultos”, também conhecido como Arena Rock ou Melodic Hard Rock.
Parece uma contradição que o Rock pesado seja praticado no seu mais puro grau de melodia, mas o resultado final pode ser perfeito, se quem o produz, sabe fazer isso com a alma e de forma eficaz.
AOR
Muitas bandas nasceram fazendo AOR, Asia, Journey, Survivor, Foreigner, Europe, 38 Special, etc, outros nomes navegaram por essas águas, Kansas, Yes, Rainbow, Uriah Heep, Deep Purple, Van Halen, etc.
E se eu perguntasse sobre uma banda alemã chamada Czakan, que lançou o seu lindo debut “State Of Confusion” em 1989, um single em 1990, “Tears” (“Stand And Deliver” no lado B), durou até 1993, encerrou suas atividades e desapareceu?
ALGUÉM SABERIA ME DIZER ALGO SOBRE ESSE ESTRANHO NOME DESSE QUINTETO DA CIDADE DE CALMBAC?
Czakan – “So Cold”: (1989)
https://www.youtube.com/watch?v=ecCg5kmrbWY&list=RDecCg5kmrbWY&start_radio=1
Eis que, em 2022, Czakan se reúne novamente com o mesmíssimo line-up que gravou o debut em 1989, Frank Schrafft no baixo e vocal, Randy Arcachon na bateria, Oliver Güttinger na guitarra, Tom Fein no teclado e vocal, além de seu exímio vocalista, Michael Schennach.
Segundo full lenght tardio
Então, no dia 14 de abril de 2023, é lançado “Unreal”, segundo full lenght, trinta e quatro anos após seu primeiro disco.
Após postar a notícia de um amigo sobre o fato no site do Mundo Metal, me interessei em fazer a audição do material.
Logo que aperto o play, me apaixono por “Free line”.
Essa canção é tudo o que eu espero quando ouço AOR, tanto que não passo um dia sem ouvi-la cinco ou seis vezes.
Fiquei emocionado quando escutei uma banda de músicos veteranos em plena forma mais de três décadas depois.
Caso alguém desconheça o grande período de hiato que separam os dois registros, se forem comparados o single de 1989, “So Cold”, e o de 2023, ”Free Line”, é possível imaginar que esse quinteto jamais parou e sempre esteve na estrada.
Impressionante, a qualidade que eles mantêm após tanto tempo.
Michael Schennach continua sendo o mesmo cantor incrível que gravou “State Of Confusion”. O mesmo posso afirmar em relação aos quatro instrumentistas. Todos estão em seus melhores momentos.
O já citado single “Free Line” é também a faixa de abertura do disco.
“Getting Hungry” é ainda mais romântica que a anterior. “Breaking all the Rules” é mais acelerada e tem como convidada especial a cantora Lorenza Maluku.
O solo de guitarra de Oliver Güttinger é absurdamente maravilhoso. “Livin’ In A Nightmre” introduz com linhas de teclado, soando diferente de suas antecessoras.
“Get Down” soa Hard Rock americano dos anos 70, na linha de Boston e Aerosmith, ou seja, não tem como não ser bom!
O refrão é grudento demais.
“Burns Like a Fire”
Continuando, “Burns Like a Fire” conta com um show vocal de Schennach em sua introdução, fomentando um clima especial para essa canção.
“Under The Gun” tem alguns elementos de Heavy mesclados à predominância do AOR, além de possuir o refrão mais lindo do disco.
“City Nights” tem um discreto toque de Blues que funciona como presente dos céus nesse ponto da audição da obra, ou seja, veio perfeitamente a calhar.
“Masquerade” eleva os pensamentos aos deleitosos anos oitenta e não há como isso não ser um instante divino.
“She is a Woman” faz com que eu me lembre de Foreigner do fim da década de 70. Ou seja, é um revival seguido do outro, um melhor do que o outro.
Sou mais que um ouvinte, sou uma criança feliz como se tivesse acabado de ganhar um brinquedo que há muito deseja.
Assim que, ouvindo “Winners Don’t Cry”, eu penso e indago a mim mesmo, como Schennach pode cantar tão alto ainda?
Sua voz parece não sofrer com a ação avassaladora do tempo.
“My Sweet Love”
“My Sweet Love” seria uma canção de Heavy Metal pelo riff que a introduz, todavia ela mergulha no universo Hard Rock e lá se expande, criando estrelas e planetas musicais.
Em contrapartida, “Locked in a Cage” começa a preparar o ouvinte para o primeiro grand finale após trinta e quatro anos.
Fico pensando em quem adorou o debut, comprou e teve que esperar tudo isso para curtir um novo material do Czakan.
Nem consigo imaginar isso para falar a verdade. “Show Me All Your Love” finaliza esse que é, somente, o segundo full lenght da história desse fantástico quinteto de AOR.
Geralmente, não costumo dar notas altas para discos que ultrapassem dez faixas, mas “Unreal” é uma das exceções a essa regra, pois não há músicas fracas que simplesmente completam o álbum.
Todas suas catorze composições fazem bastante sentido.
“HERZLICHEN GLÜCKWUNSCH, CZAKAN, ZU DEINEM LANGEN, ABER HERVORRAGENDEN ZWEITEN ALBUM!“
Nota 8,9
Integrantes:
- Frank Schrafft (baivo, vocal)
- Randy Arcachon (bateria)
- Oliver Güttinger (guitarra)
- Tom Fein (teclado, vocal)
- Michael Schennach (vocal)
Faixas:
- 1.Free Line
- 2.Getting Hungry
- 3.Breaking all the Rules
- 4.Livin’ in a Nightmare
- 5.Get Down
- 6.Burns Like a Fire
- 7.Under the Gun
- 8.City Nights
- 9.Masquerade
- 10.She is a Woman
- 11.Winners Don`t Cry
- 12.My Sweet Love
- 13.Locked in a Cage
- 14.Show me all your Love
Redigido por: Cristiano “Big Head” Ruiz
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