Apesar da importância do Destruction na disseminação do Thrash Metal nos anos 80, o grupo passou por algumas reformulações importantes ao longo dos anos. Naturalmente, algumas deram certo e outras não. Podemos mencionar as mais importantes para situar o amigo leitor e chegar ao nosso ponto principal desta análise.
A difícil arte de tomar decisões acertadas
Seguindo uma ordem cronológica, podemos mencionar como reformulação que deu certo o momento em que deixaram de ser um trio e adicionaram um guitarrista ao lineup em 1987. Com a entrada do guitarrista Harry Wilkens, Mike Sifringer ganhou um parceiro e a dupla funcionou muito bem no EP “Mad Butcher” e no clássico “Release From Agony” (1987). Por outro lado, após este período, veio a saída do baixista/vocalista Marcel Schmier e o Destruction precisou se reformular novamente, mas desta vez, errando em quase tudo. Talvez a exceção seja o injustamente menosprezado “Cracked Brain” (1990), mas tudo o que veio nesta sequência imediata foi desastroso. Os dois EP’s, “Destruction” (1994) e “Them Not Me” (1995), além do tenebroso “The Least Successful Human Cannonball” (1998), são renegados inclusive pela banda.
As coisas mudaram para melhor com a próxima reformulação que ocorreu no finalzinho dos anos 90 e início dos 2000. Contando com o retorno de Schmier, o Destruction voltou a ser um trio e, nesta ocasião, acertou nas tomadas de decisão. Discos como “All Hell Breaks Loose” (2000) e “The Antichrist” (2001) se tornaram novos clássicos. Na verdade, foram aclamados inclusive como peças fundamentais na retomada do Thrash Metal que ocorreu neste período.
Há um ditado que diz, “time que está ganhando não se mexe”, e isto é apenas uma meia verdade. É quase impossível ficar se repetindo por anos e seguir obtendo os mesmos resultados positivos. Os alemães pagaram para ver e, apesar de terem conquistado uma plateia cativa e uma base de fãs fiel, ficou óbvio que os discos pós “Metal Discharge” (2003) passaram a impactar cada vez menos os fãs de Thrash Metal de modo geral. Com isso, vieram mais duas reformulações, sendo que uma delas é bastante significativa.

Reformular, reinventar e seguir em frente
A primeira aconteceu em “Born To Perish” (2019), onde tentaram usar o mesmo artifício que deu certo em 1987, adicionando o guitarrista Damir Eskić para fazer dupla com Mike. Apesar de alguns resultados positivos, nada de muito substancial aconteceu já que os problemas da época eram estruturais. Após a turnê, Mike Sifringer, membro fundador e único que fez parte de todos os discos do grupo até aquele momento, resolveu deixar a banda. Com isso, o argentino Martin Furia foi integrado ao lineup em 2021. E, agora sim, chegaremos na última reformulação pelo qual o quarteto alemão passa neste exato momento. E aqui estamos realmente falando de uma revisão de musicalidade, direcionamento e foco.
Já em “Diabolical”, álbum de 2022, ficou perceptível que o Destruction estava iniciando uma nova fase em sua carreira, mas ainda faltava assumir esta era de novidades com maior ênfase. No novo trabalho, “Birth Of Malice”, isso aconteceu. Não que a banda tenha se afastado de suas raízes Thrash ou desvirtuado sua identidade, nada disso. Mas realmente podemos perceber alguns horizontes e caminhos diferentes sendo incorporados ao escopo musical do grupo. É verdade que de forma bastante tímida ainda, mas há composições que apresentam experimentações e construções jamais utilizadas pela banda.
“Birth Of Malice” apresenta um novo Destruction?
“Birth Of Malice” chegou às lojas e plataformas de streaming no último dia 7 de março através do selo Napalm Records. O disco apresenta 12 faixas e possui duração aproximada de 50 minutos. Uma delas é um cover para o hino “Fast As A Shark”, do Accept.
Dentre as 11 composições inéditas, algumas se destacam justamente por serem inovadoras dentro da perspectiva do Destruction. As três que mais chamam a atenção neste quesito são “A.N.G.S.T.”, “Evil Never Sleeps” e “Greed”.
Em “A.N.G.S.T.” temos uma música cadenciada, mas diferente daquela cadência que ficou famosa em clássicos como “Life Without Sense”, aqui temos um Schmier usando vocais mais graves. Há muito peso nesta música e do meio em diante aparecem alguns trechos instrumentais interessantíssimos. Destaque para o baterista Randy Black e para o baixo de Schmier, que aparece muito bem e de maneira criativa. “Evil Never Sleeps” é uma grata surpresa, com alguns vocais limpos e guitarras melódicas ao melhor estilo Kreator, vemos um Destruction conseguindo renovar um pouco sua música e, o melhor, acertando a mão. Já “Greed” é um verdadeiro emaranhado de riffs, viradas, mudanças rítmicas e tudo o mais que você puder imaginar.
Ainda devemos ser justos e destacar as ótimas “Cyber Warfare”, “No Kings – No Masters” e “God Of Gore”. Essas três representam aquele Thrash ríspido, raivoso, intenso e cortante como uma navalha. Todas estas possuem andamentos velozes e, provavelmente, agradarão os fãs amantes da velocidade desenfreada.
Novo, mas nem tanto…
Perceba que a real novidade foram nas 3 faixas primeiramente mencionadas (“A.N.G.S.T.”, “Evil Never Sleeps” e “Greed”), mas as outras 3 se destacam por serem altamente assertivas e soarem como um Destruction rejuvenescido (“Cyber Warfare”, “No Kings – No Masters” e “God Of Gore”). Mas e quanto ao restante? Se você é um fã hardcore da banda não vai gostar de ler isso, mas é impossível não mencionar: o restante do track é formado por faixas previsíveis, formulaicas e, em alguns momentos, preocupadas em entregar fanservices descarados.
O single “Destruction” é um destes momentos. E aqui nem estamos diante de uma faixa ruim, ela é boa, mas se resume a cumprir tabela na questão de se assemelhar com o início de “Curse The Gods” e tentar fazer o começo do disco parecer mais épico do que ele realmente é. Um clichêzaço que a própria banda já se utilizou diversas vezes de 2001 para cá e jamais resultou em nada muito substancial. É só perceber que o início do disco depende bastante das ótimas “Cyber Warfare” e “No Kings – No Masters” estarem posicionadas ali na sequência. Mas ainda assim, não há nada de execrável, estamos diante de uma faixa decente, só para reforçar. E o videoclipe é simplesmente sensacional com trechos do show em São Paulo e diversas figuras conhecidas aparecendo no começo do vídeo.
Sinal de alerta ligado!
“Scumbag Human Race” é outra que muitas pessoas gostaram, mas soa como algo bastante comum. Novamente, nada asqueroso ou digno de críticas mais incisivas, mas um sinal de alerta ligado. Essas duas canções foram lançadas como singles e, por isso, tiveram um tempo maior para degustação e maturação do público, mas não chegam a empolgar em momento algum. Já “Dealer Of Death” e “Chains Of Sorrow” representam aquela barriguinha que quase todo tracklist possui. Não são ruins, nada aqui é ruim, mas sabe aquelas músicas que se não estivessem ali ninguém ia ligar muito? Pois é…
Passa de ano?
No geral, o disco consegue agradar na maior parte do tempo, principalmente, os fãs da fase pós 2000. Apesar de ter boas ideias e alguns momentos realmente interessantes, ainda é uma banda tentando se encontrar e um pouco tímida no que diz respeito a criação de uma nova identidade. E entenda, esta nova identidade irá se estabelecer mais cedo ou mais tarde por que são três novos integrantes desde 2018 e apenas Schmier representando a musicalidade clássica. Após a saída de Mike, todos na banda passaram a ajudar mais nas composições e, aos poucos – na verdade isso já está acontecendo – as características pessoais de Martin Furia, Damir Eskic e Randy Black irão se consolidar.
Por enquanto, a sensação que fica é que ao mesmo tempo em que buscam novos elementos e se arriscam por horizontes ainda não explorados, no momento seguinte fazem questão de despejar todos os clichês, fórmulas e repetições em nossas cabeças. Isso parece ser um pouco de insegurança, é como se a banda jogasse com medo, algo como:
“Olhe, estamos nos arriscando bastante aqui, mas veja, se você não gostar temos esta outra bela canção ‘mais do mesmo’ para provar que não abandonamos nossos princípios”

No geral, temos um Destruction em evolução e isso, no final das contas, é bom. Ainda não conseguiram apresentar um álbum que realmente faça jus a esta formação, mas as perspectivas para o futuro são muito melhores do que há alguns anos atrás. Para não deixar de mencionar, o destaque absoluto de “Birth Of Malice” fica por conta das performances sensacionais da dupla de guitarristas Martin Furia e Damir Eskic. Os caras são realmente fantásticos e conseguem se sobressair em mesmo nas canções menos chamativas.
Nunca pensei que fosse dizer isso, mas vou encerrar esta análise dizendo que Mike Sifringer não está fazendo a menor falta.
Nota: 8
Integrantes:
Schmier (baixo e vocal)
Martin Furia (guitarra)
Damir Eskic (guitarra)
Randy Black (bateria)
Faixas:
01 – Birth Of Malice
02 – Destruction
03 – Cyber Warfare
04 – No Kings – No Masters
05 – Scumbag Human Race
06 – God Of Gore
07 – A.N.G.S.T
08 – Dealer Of Death
09 – Evil Never Sleeps
10 – Chains Of Sorrow
11 – Greed
12 – Fast As A Shark (Accept cover)
Queria ter gostado porem nao foi o caso ,o album e bem fraco as musicas não sao ruims porem nenhuma e excelente e no maximo medianas acho a unica que se salva e “A.G.N.S.T” mas ela no maximo é otima ,todas essas musicas singles infelizmente nao curti nenhuma a unica me fez ter vontade de ouvir o album foi a propria “A.G.N.S.T.” mas isso nao salva um album ,engraçado a mesma formação que lançou o otimo “Diabolical” lançou esse album tao aquem do anterior espero no proximo eles acertem mais ,na minha opiniao os ultimos grandes albums do destruction foi inventor of evil (2005) e devolution (2008) ,diabolical foi respiro porem ja voltaram lançar albums medianos denovo acho um “8” foi nota bem generosa para esse album na minha opinião.
Fala Everton, beleza? Então, o 8 foi por que nós gostamos de mais algumas além da “A.N.G.S.T.”, e mesmo aquelas que são inferiores não são de todo ruim, mas entendemos perfeitamente as suas críticas, o Destruction é uma banda que precisa se reinventar urgentemente. Abraço!