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Resenha: Ghost – “Impera” (2022)

Loma Vista Recording



Quatro anos separam “Prequelle” de “Impera”, novo álbum de inéditas da banda sueca, Ghost. Lançado oficialmente em 11 de março deste ano e produzido por Klas Frans Åhlund, o disco apresenta 12 faixas inéditas distribuídas em pouco mais de 46 minutos de duração, apresentando a sonoridade característica da banda que os velhos fãs estão acostumados a ouvir. Ou seja, aquela simbiose musical entre o Hard, Classic, AOR, Pop, Doom, Psychedelic, Space Rock e os costumeiros flertes com o Heavy Metal.

Antes de explorarmos as as melodias de “Impera”, é preciso deixar claro dois pontos de suma importância:

  • 1.Se você não aprecia os trabalhos do Ghost, então é certo que este disco não o fará mudar de ideia. No entanto se sua visão sobre o grupo é aquela onde você consegue entender que não se trata de uma banda de Heavy Metal, então é provável que “Impera” lhe surpreenda, e o faça enxergar que temos aqui um disco íntegro de um grupo que consegue fazer músicas simples, relevantes e cativantes.
  • 2.Não espere ouvir uma sonoridade diferente daquela apresentada nos trabalhos anteriores, bem como não aposte nas mudanças de estilo e/ou numa nova fórmula já que o grupo lançou uma aparente continuação dos discos “Melliora” (2015) e “Prequelle” (2018).
GHOST / Divulgação / Tobias Forge

Dito isto, é preciso lembrar que as comparações aos trabalhos supracitados referem-se principalmente a parte instrumental e o fator tema, já que “Impera” é semi-temático, já que algumas de suas letras narram partes da história vivida centenas de anos após a disseminação da peste negra, ocorrida no século XIV, tema abordado em seu penúltimo registro, o já mencionado “Prequelle”.



Em seu novo registro, Tobias Forge buscou inspiração no livro “The Rule Of Empires: Those Who Built Them, Those Who Endured Them, And Why They Always Fall” (A regra dos impérios: Aqueles que os construíram, Aqueles que os suportaram, E por que que eles sempre caem), obra do escritor Timothy Parsons, abordando a ascensão e queda dos grandes impérios.

Enquanto o novo trabalho era gravado e produzido, a banda não se manteve em silêncio, já que lançou alguns singles, um EP, “Seven Inches Of Satanic Panic”, em setembro de 2019, além de um split ao lado dos dinamarqueses do Volbeat, editado em janeiro deste ano.

No referido EP, ambos os grupos homenageiam os americanos do Metallica, através das faixas “Don’t Tread On Me”, comandada pelos dinamarqueses e “Enter Sandman”, comandada por Forge & Cia.

No ano passado, em entrevistas concedidas sobre o vindouro novo trabalho, Tobias Forge já adiantara que a linha musical seguiria os mesmos passos de “Prequelle” e isso ficou evidente na faixa “Hunter’s Moon”, single lançado em setembro de 2021. De cara a banda viu a música integrar a trilha sonora de “Halloween Kills”, novo episódio da franquia Halloween, lançado nos Estados Unidos em 15 de outubro de 2021, pela Universal Pictures.



Sem delongas, e apresentações feitas, é hora de mergulhar nas melodias “mutáveis” de “Impera”.

Vem comigo!

As linhas semi-acústicas de “Imperium” abrem os portais sonoros para “Kaisarion”, “Spillways” e “Call Me Little Sunshine”, três excelentes faixas formando uma trinca mais que perfeita, preparando o ouvinte para um disco formidável.

Enquanto “Kaisarion” traz harmonias que nos remetem a Alice Cooper e linhas ultrapesadas de contra baixo, “Spillways” é aquela faixa que apresenta elementos geniais de Hard/AOR, numa levada a la Blue Öyster Cult, enquanto “Call Me Little Sunshine” se encarrega de ser a música mais pesada, dona de uma atmosfera densa, sombria, perturbadora, e representante oficial da sonoridade característica do Ghost.

  • *Destaque para o excelente videoclipe, bem como seu refrão pegajoso e grudento (tente tirá-lo da cabeça).

“… Call me Little Sunshine / Call me, call me Mephistopheles / Call me when you feel all alone / Just call me Little Sunshine…”



Não fosse “Dominion”, uma pequena e curta canção que faz a divisão entre as faixas “Hunter’s Moon”, “Watchers In The Sky” e “Twenties”, teríamos a segunda trinca do álbum em mais três composições de altíssimo nível.

Trazendo uma pegada mais comercial (leia, Pop), “Hunter’s Moon” não decepciona, agradando certamente a ala de fãs mais “cabeça aberta” da banda. Aqui, uma música que poderia facilmente rolar nas FM’s da vida, seguida de “Watchers In The Sky”, música que ao lado da já descrita “Call Me Little Sunshine”, despertam o lado mais Heavy Metal do grupo, destacando os riffs (pesados) de guitarras e as linhas (também pesadas) de contrabaixo.

Prepare-se para mais um refrão grudento se alojando no cérebro.

“…Searchlights / Looking for the watcher in the sky / Searchlights / Looking for the watcher in the sky…”



“Dominion” é a tesoura que corta a linha que separa “Twenties” de “Hunter’s Moon” e “Watchers In The Sky”. Breve, suas melodias trazem uma aura de trilha sonora de filmes épicos-romanos, servindo também de ponte entre as duas faixas já mencionadas. Com sua levada “diferente” e seu início lembrando trilhas de filmes antigos dos anos 20, 30, 40 e 50, “Twenties” é sem dúvida o momento mais introspectivo e interessante do disco, visto que suas linhas de contrabaixo trazem referências a ritmos brasileiros.

Apesar de citar o Hip Hop e o Funk como inspirações, a verdade é que inconscientemente Forge compôs uma música onde é possível ouvir em suas harmonias ritmos nordestinos como o Xote, Xaxado, Maracatu, Arrasta-Pé e Baião, ao mesmo tempo que seu refrão nos leva ao universo Pop/Rock dos anos 60 de nomes como The Hollies, The Archies, Mamas & The Papas, Herman’s Hermits, Sam The Sham and The Pharaohs, The Swinging Blue Jeans, The Square Jet, The McCoys, entre outros.

Há também uma aura meio pin-up, nos backings vocals femininos, e pra enfeitar o bolo com a famosa cereja nos deparamos com um solo simples, porém muito bem encaixado numa música, que a princípio soa desconexa/esquisita, porém grandiosa, e por que não dizer genial?



*Destaques para as orquestrações evidenciando os instrumentos de sopro, bem como as linhas cheias de groove comandadas perfeitamente pela bateria.

Cantemos juntos no refrão:

“…In the twenties (twenties) / We’ll be singing in a reign of pennies / In the twenties (twenties) / We’ll be soaring in disguise of Bevies / In the twenties (twеnties)/We’ll be smooching at thе feet of Da Rulah / In the twenties (twenties) / We’ll be grinding in a pile of moolah…”

TOBIAS FORGE / Divulgação / GHOST

Particularmente, uma das minhas prediletas no disco. Embora eu admita que tenha odiado-a, ou não a tenha compreendido nas primeiras audições. Prepare seu isqueiro, apague a luz, ergue os braços, feche os olhos, prepare os pulmões e cante o refrão de “Darkness At The Heart Of My Love”, excelente balada com aquela veia Hard/AOR, apoiada por um refrão grudento e backing vocals em forma de coros, dando um toque especial às suas melodias.



“…There’s a darkness at the heart of my love / That runs cold, runs deep/The darkness at the heart of my love / So bold, so sweet / There’s a darkness at the heart of my love / That runs cold, runs deep/The darkness at the heart of my love / For you..”

Já é possível enxergar a reta final através de “Griftwood”, “Bite Of Passage” e “Respite Of The Spitalfiedls”, trinca responsável por encerrar o disco em alto padrão musical.

Com sua rifferama voltada ao hard oitentista, “Gritfwood” é sem dúvidas a música mais Hard Rock da carreira do Ghost. Caso estivéssemos nos anos 80 quando o estilo estourou e dominou as paradas da antiga MTV, certamente teríamos uma daquelas músicas no topo das listas das mais pedidas, e também na lista das mais tocadas durante as programações rockers.



Numa palavra: Perfeita!

E tome refrão grudento:

“…You want to play with the sire? (Yes) / You want a view from the spire? (Yes) / You want a seat by the pyre? / And never ever suffer again / You want to console the griever? (Yes) / You want to guide the believer? (Yes) / You and the greatest deceiver? / And never ever suffer again…”

Em seus breves segundos de duração, “Bite Of Passage” é a chave que abre a porta para “Respite Of the Spitalfields” entrar.



Seguindo o mesmo caminho de sua antecessora, e fechando o disco em alto estilo, temos aqui mais uma faixa voltada ao glorioso Hard Rock, feito com maestria (que melodia espetacular).

Divulgação / Facebook / TOBIAS FORGE

Traçando um paralelo musical, é possível ouvir as melodias de “Paper Sun” do álbum “Euphoria” do Def Leppard, e de forma bem cirúrgica é possível perceber em suas bases de guitarras similaridades com “Still Of The Night” do Whitesnake. Ouça a parte que antecede o solo principal na música e compare-as.

Peraí, eu não mencionei que o refrão é pegajoso e grudento? Me desculpe.

“…We will break away together / I’ll be the shadow / You’ll be the light / Nothing ever lasts forever / We will go sovereign/Into the night..”



Após a última nota da última faixa de “Impera”, é possível entender o sucesso repentino (não tão repentino assim) do Ghost. Particularmente, acho que Tobias Forge é de longe um cara com uma mente brilhante quando o assunto é composição e criatividade. Seu trabalho à frente da banda vai muito além da imagem e marketing, já que estamos falando do líder de uma dos mais bem sucedidos grupos da atualidade.

Uma característica positiva na carreira do grupo é a qualidade dos músicos envolvidos. Tudo aqui é milimetricamente bem feito, desde os riffs e solos de guitarras, as linhas de contrabaixo, as linhas de teclados, o trabalho excepcional de bateria, os vocais únicos e característicos de Papa Emeritus IV (codinome usado por Forge) e não menos importantes, os trabalhos excepcionais de coros e backing vocals.

Além de tudo que lhes fora atribuído, é preciso enaltecer a excelente produção de palco, um espetáculo à parte e mais uma característica importante no currículo da banda.

Com todos esses atributos musicais, fica fácil entender por que o novo trabalho da banda atingiu a 1a posição nas paradas musicais da Áustria, Finlândia, Alemanha, Espanha, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos.



Não obstante, “Impera” atingiu a 2a posição da Billboard americana, e a mesma posição nas paradas musicais de países como Bélgica, Escócia, Países Baixos e Noruega.

Aos fãs de Alice Cooper, Pagan Altar, Coven, Saint Vitus, Monster Magnet, Blue Öyster Cult, etc, eis aqui uma banda e um disco merecedor de suas atenções.

N do R: Para aqueles que não apreciam o trabalho dos caras, então é certo que este disco não lhes fará mudar de ideia. No entanto se sua visão sobre o Ghost é aquela onde você consegue compreender (e entender) que não se trata de uma banda voltada ao Heavy Metal propriamente dito, então fica a dica: Faça uma audição apurada, e quem sabe haja uma mudança de opinião.

Ouso dizer que com um pouco de boa vontade e principalmente mente aberta, é provável que este novo registro lhe surpreenda.



Algumas informações acerca do disco:

  • .Além da citada “Call Me Little Sunshine”, faixas como “Hunter’s Moon”, “Twenties” e “Respite Of The Spitalfields” ganharam videoclipes e/ou lyric videos.
  • .A arte da capa faz referência ao “Ocultista”, obra do escritor Aleister Crowley (1987-1945).
  • .Em entrevista para a revista Kerrang, em janeiro deste ano, Tobias Forge revelou que “Respite On The Spitalfields” foi composta baseada na história de Jack, O Estripador, assassino em série, cujas vítimas eram moradoras de Spitalfields, bairro situado em Londres, Inglaterra.
  • .Sobre “Twenties”: Em uma de suas entrevistas, o músico revelou que as bases instrumentais foram inspiradas em um artistas brasileiro. Segundo ele, enquanto assistia um documentário na TV sueca sobre cultura de outros países, deparou-se com a imagem de um artista de rua (o qual ele chama de Rapper) se apresentando para um público grande em uma favela. O ritmo da música a qual era tocada, chamou-lhe a atenção de imediato. Desta influência nasceu “Twenties”.
  • .Após uma turnê ao lado dos dinamarqueses do Volbeat, onde foram headliners, a banda anunciou a “Imperatour”, turnê solo que terá início no dia 09 de abril na cidade de Manchester, Inglaterra.

Nota: 9,5

Faixas:

  • 01.Imperium
  • 02.Kaisarion
  • 03.Spillways
  • 04.Call Me Little Sunshine
  • 05.Hunter’s Moon
  • 06.Watcher In The Sky
  • 07.Dominion
  • 08.Twenties
  • 09.Darkness At The Heart Of My Love
  • 10.Griftwood
  • 11.Bite Of Passage
  • 12.Respite On The Spitalfields

Integrante:



  • Papa Emeritus IV (vocal)

Músicos Convidados:

  • Fredrik Åkesson (guitarras)
  • Hux Nettermalm (bateria)
  • Martin Hederos (piano, órgão)

Redigido por Geovani “Gigio” Vieira

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