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Resenha: Phrenetix – “Exuviae” (2021)

Começo esta nova história revelando algo que colocou em cheque qualquer possibilidade de discorrer sobre “Exuviae”, segundo álbum da banda de Thrash Metal, Phrenetix, originária da magnífica Lituânia. Mas, o que realmente aconteceu para que houvesse essa reviravolta? Vamos ao relato.



O Phrenetix, liderado pela talentosíssima Lina Vaštakaitė, já era conhecido pelo dono do nanquim que vos digita desde o lançamento de “Fear”, maravilhoso debut de 2015. Os anos se passaram e a ideia de um próximo álbum começava a amadurecer. Porém, foi somente após a instauração da crise global que a banda se prontificou a lançar um novo trabalho. Quando peguei para ouvir o disco, o fiz por umas três ou quatro vezes seguidas e o resultado foi uma estranheza enorme. Havia achado muito fraco para não dizer uma completa porcaria. O que me trouxe confiança em insistir no lance foi o fato de adorar o “Fear”, e por ser uma banda promissora com uma guitarrista e vocalista muito acima da média. Foi a partir daí que a insistência ganhou corpo e as coisas bizarras que eu havia notado como algo ultra moderno beirando a anulação musical que qualquer ser tendencioso e aproveitador chamaria de Metal, foram descartadas por serem apenas impressão causada por uma audição distraída.

Créditos: Site Oficial/Divulgação

Agora, se “Exuviae” é bom ou não, só me acompanhando nesta jornada “muzgal” para saber ao juntar todos os detalhes extraídos da obra. “Exuviae” foi lançando no dia 7 de outubro via formato independente, honrado e aguerrido. Gravado e mixado no MuzLab Studios, a produção também é assinada pela própria banda. Uma dica antes de ligar os motores do Uno Mille Turbo, 4 portas… Antes da dica, vale lembrar que para fazer a curva é preciso abrir uma das portas com o carro em movimento (se capotar na curva o veículo teletransporta). Agora sim, é a vez da dica: boa parte das bandas de Thrash do leste europeu costumam seguir os caminhos do Technical Thrash Metal. Isso dá uma ligeira pista do que poderemos presenciar. Pronto, vamos juntos saber se o motor desse disco aguenta o tranco na ladeira.

A primeira trinca de “Exuviae”, incluindo a faixa-título, formou os pontos cruciais para minhas impressões iniciais causadas pelos seus diferenciais, das quais não estava preparado para tal. A banda poderia dizer “problema seu”, e não estaria errada. A abertura do mausoléu de artes místicas sonoras é feita através de “Defunct”, que inicia a tríade. O início é coberto por uma introdução muito bem trabalhada, mas logo distorce a alma do ouvinte com acordes e dedilhados bem diferenciados, dando um charme novo a algo que parecia tomar uma tendência mais retilínea e habitual. O ponto agressivo permanece e se espalha momentos antes de Lina experimentar seus vocais limpos de forma abafada simulando o efeito de um megafone, mas sem nenhum tipo de exagero. Para quem ainda não foi apresentado ao Phrenetix, as linhas de vocal de Lina seguem pelos lados rasgados e guturais da coisa. Porém, a experiência com sua voz limpa também estará presente como neste instante. Os primeiros solos de guitarra surgem e a parceria entre Lina, que também toca guitarra, junto ao outro guitarrista, Paulius Navickas, é de encher o peito de alegria e vontade de demolir prédios de autoridades. As linhas de baixo se destacam nos pontos em que as guitarras tramam os riffs acompanhados de dedilhados distorcidos e também nos pontos mais pesados do som, cortesia de Daumantas Vizbaras. Os movimentos percussivos do baterista Martynas Stoškus deixam o alicerce mais sólido e seguro que qualquer diamante. O tema é bastante atual, lidando com o tal tipo “senhor de toda a razão” que vemos aos montes por aí, mas que não passam de fracassados, como a própria canção diz. Gritar não o fará ter mais razão e apenas te tornará ainda mais frágil e inútil. “A sabedoria superficial te fez um tolo / A ignorância se confunde com suas regras.”



Créditos: Divulgação

“Exuviae” surge na sequência, e se causava dúvidas nos primeiros encontros, retirou a queixa contra si após uma atenção mais aprofundada como um bom detetive musical faria. Sherlock diria: “Elementar e excelente, meu caro Watson”. As primeiras notas são distribuídas com a certeza de entregar um grande produto e podemos notar um pouco de tempero vindo de Megadeth e Kreator nesse modo de preparo deste single. O refrão é completamente limpo e mais leve que a base inicial, causando um contraste interessante se ouvido com a devida atenção, coisa que não havia feito antes. Quer solos poderosos que antecedem uma rifferama desgraçada e vocais raivosos com sofrimento de verdade? Temos de sobra e com borda recheada por aqui. Mas, os momentos mais calmos chamam bastante a atenção também com a banda sabendo utilizar todas as camadas sonoras com maestria. “Tudo que eu quero é gritar / Eu tenho silenciado muito em mim / Para dizer coisas até sangrar / Não tem essa ferida em mim / Matar você ao invés de mim / Este crime vai trazer êxtase / Sinto que posso ser / Eu pagarei o preço com sua miséria” – um sentimento de revolta por estar em terra arrasada vendo o vilão se dar bem na história. Uma doença séria causando desunião entre familiares é mais comum do que se possa imaginar. A última ponta do primeiro tridente é completada por “Dark Side Of Mine”, que por sua vez, apresenta uma bandeja com o cardápio cheio de contratempos, mas que não se estendem tanto ao Prog e flertam com o Technical. A mistura fina acaba produzindo um resultado interessante, mantendo a ideia de liberdade dentro do álbum. Os cortes e pausas de guitarras e baixo funcionam bem. Melodias encaixadas de modo inteligente e comunicativas aos solos. “Sozinho a noite / Só com minha mente / Eu não quero brigar não desta vez – a busca pela paz interna ao menos por um momento. “Andando em ruas vazias / Nada atende minhas necessidades / Presença de ilusão que eu só posso sentir” – nada parece ter significado ou qualquer tipo de importância. Vale destacar outro trecho da letra por mostrar como a ilusão pode preencher cenários vazios, provocando um falso alívio.

“Esta ilusão insegura

Me completa com confusão

Traz diversão



Que só eu posso sentir”

Em quarto lugar na tabela temos “Yellow Eyes”, com uma intro dedilhada remetendo ao Metallica e ao Angelus Apatrida a partir dos riffs mais incandescentes. O que parecia ser uma balada acaba por mostrar a sua verdadeira face, mas com aqueles ingredientes ricos em vitaminas auditivas. Destaque para os solos arremessadores de almas penadas para o outro mundo e todo o alicerce mantido e exercido pelo super kit de Martynas. Toda a banda se sobressai e aqui podemos ver momentos vocálicos ainda mais insanos e sensacionais de Lina, além de suas linhas magistrais de guitarra. “Em todos os nossos mundos / Nossas habilidades caem lentamente / Névoa e sombras cobrem armadilhas / E olhos amarelos estão te observando” – a situação é bastante clara e o significado completamente inerte ao plano real. O resquício de liberdade ainda existente mantém os nossos corações aquecidos e esperançosos por dias melhores. “Em todos os nossos mundos / Nossas habilidades se foram há muito tempo / Estamos presos no esquecimento / Chama eterna que contemplamos” – o contraponto é o fato de que a manipulação em massa visa tirar o aprendizado e o ato de pensar para indagar sobre tudo, ocasionando uma catástrofe que é anestesiada pelo esquecimento e falta de poder de raciocínio lógico, e argumentativo. “Blaze Of Alienation” é o nome da ‘emoção’, como diria o narrador futebolístico, e logo de cara apresenta um dueto de guitarras incrível. Mais incrível ainda é a capacidade de apresentar elementos do Metallica tão bons que quase me fazem crer que o próprio de outrora retornou. Embora mais cadenciada por isso, a canção possui partes mais pesadas e velozes. A resposta sobre o álbum ser realmente bom ou não já está estampada faz tempo, mas pode ser inserida a partir daqui também. Nos momentos de troca de riff ou de ritmo, encontramos a faceta voltada para o Megadeth, e os tempos de insanidade e som mais extremos, vemos a imagem do glorioso Kreator ao fundo. “Para ganhar o dia só há uma solução / Diminuir os outros, afogá-los em conclusões / Se eu não estou pisando em você / A ilusão de um perdedor pode se tornar realidade” – mais atual que este tema, impossível. Pessoas lutam por nada em troca de algo intangível e abstrato que acham ter algum valor. Ganhar através da mentira, ver o outro sofrer e até morrer por conta dos teus horrores e equívocos. Esse é o lema do perdedor do século XXI e que se acha o maioral, mas não aguenta um tapa sequer.

“Raw Pain” brinca de fazer Thrash e esclarece ao público que o “modo Metal retão” foi desativado antes mesmo de se pensar em compor algo. E isso é ruim? Não quando os músicos, além de muito técnicos, desenvolvem riffs e solos capazes de entrarem na sua mente e te tirarem do mundinho de protozoários que entendem qualquer coisa como música por aí afora. Tanto que a sonoridade se aproxima ao Speed Metal em seu principal riff sem perder a chance de manifestar suas nuances mais extremas e melódicas. “Escale o abismo ou enfrente o crucifixo” – a arte de lutar contra o destino cruel mesmo sabendo de todo o sofrimento visto de perto e sem poder ajudar a todos que precisam. Lutar é mostrar ao próximo que vale e muito não perecer à miséria. De volta à correria e ao lado veloz da coisa temos o melhor nome de música do disco: “Hallucigenation”, claro! Com variantes e espaço para o baixo de … dar os seus nobres pitacos, a sonoridade ganha um toque de humor. Trechos de perguntas feitas através dos versos interpretados por Lina ditam o tom claro da obra. Mais um som rico em riffs e viradas alucinantes. Só não é a melhor música por não conter o melhor refrão do álbum. “O que eu vejo / Sou eu? / É real? / O que eu sinto?” – Você não é o que você realmente é e seu cérebro alucina sua realidade consciente, fazendo com que a ansiedade faça a loucura prosperar e colocar à tona sua real face.



O Phrenetix honra o nome ao iniciar a faixa “Kill The Messenger” de modo bastante assassino no melhor dos sentidos. Com detalhes tirados do bravo Overkill, a banda atropela literalmente a carcaça do energúmeno que estiver vacilando em sua frente. Velocidade é o modelo a ser conversado por aqui, inclusive nos incríveis solos navalhantes de guitarra. É pra matar o pobre do mensageiro mesmo! “Mate o mensageiro / Nunca se atreva a olhar / Quem é inocente / Com certeza você não” – A ignorância é uma bênção e nos salva de testemunhar a queda, matando o seu auto-respeito e esmagando-o até evaporar. Eu estou aqui apenas para culpar, não me chame de louco / É meu direito e do meu jeito não sinto / A dor, a vergonha, a sujeira que está no meu nome” – o disfarce da dor alivia, mas nunca cura de fato, e o que pode acontecer e acumular tanta dor a ponto da pessoa explodir na pior hora possível, por sempre buscar a fuga da verdade. A instrumental “Sybil” fecha a obra que parece ter acabado num piscar de olhos. Os riffs estão lá variando e se encontrando com solos, distorções e levadas cativantes a ponto de mostrar que valeu à pena esperar pelo novo disco.

Créditos: Official Instagram

Não somente a Lituânia, mas seus primos e vizinhos Letônia e Estônia, estão adentrando nesse universo da boa “múzga” com os oito pés na porta, não devendo nada a ninguém! Que continue sendo cada vez mais assim, pois para o Metal não há fronteiras! E que o magnífico Phrenetix possa dar as caras aqui no Brasil!

Créditos: Official Instagram

Observações finais:

Sobre o nome do disco, “Exuviae” é original do latim e vem de exúvia, que significa pele vazia. Também é aplicada à camada de cutícula ou “pele morta” deixada por insetos, crustáceos e aracnídeos, pertencentes aos artrópodes, ao renovar o casco.



“I’m the one who will take

And I’ll never give a chance for you to make it

With a burning desire I live like every hour of every day

Is a fight for honour of alienation”



Nota: 9,1

Integrantes:

  • Lina Vaštakaitė (guitarra, vocal)
  • Daumantas Vizbaras (baixo)
  • Paulius Navickas (guitarra)
  • Martynas Stoškus (bateria)

Faixas:

1. Defunct

2. Exuviae



3. Dark Side Of Mine

4. Yellow Eyes

5. Blaze Of Alienation

6. Hallucigenation



7. Raw Pain

8. Kill The Messenger

9. Sybil

Redigido por Stephan Giuliano



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