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Resenha: Skyforest – “A New Dawn” (2020)

Oh, Mãe Rússia! Gélida e misteriosa, sagaz e sagrada em seus costumes. A arte sempre fora valorizada em meio a tantas batalhas históricas travadas por seus povos eslavos. Ela resistiu, e independente de todos os fatores que resultaram em capítulos conhecidos por quase todos nós, está aqui sendo representada em uma das artes mais dignas deste planeta, ou seja, a música. E mais precisamente o Black Metal, no qual o Skyforest está fechou a sua primeira trinca com o álbum “A New Dawn” no dia 20 de fevereiro de 2020, via Northern Silence Productions.



O Skyforest foi criado por BM para continuar as ideias musicais de seu projeto anterior, Annorkoth, que ele interrompeu em 2013. Além de compor e tocar todos os instrumentos incluindo o trio mais importante (guitarra, baixo e bateria), tem na voz de Michael Rumple o apoio necessário para que o trabalho seja realizado. Os outros full-lengths são: “Aftermath” (2014), “Unity” (2016), além do EP “Harmony” (2018). Sobre essa camada de destaque que envolve o Black Metal passa uma série de temas ambientais e atmosféricos que poderão fazer o caríssimo leitor viajar sem sair do lugar. Só não viaje para Narnia, pois na hora em que voltar para a Terra o disco poderá ter acabado faz tempo.

Créditos: Bogdan Makarov/Official Bandcamp

Liricamente, o novo full-length nos leva para um novo capítulo da vida de alguém. Você nunca sabe o que o espera em um novo dia… Mas que é importante prosseguir. Muitas perguntas ainda não foram respondidas e, no entanto, podem levar a uma mudança positiva. As metáforas sobre a vida e seus desafios culminam nas excelentes pinturas que adornam o novo álbum, magistralmente capturado em tela por Sergey Shenderovsky.

Esse novo pergaminho dos campos gélidos com seus pinheiros repletos de neve é composto por seis faixas que trazem toda a atmosfera reunida por BM até chegar a seus alto-falantes, enquanto Rumple contorna toda a obra com seus dons vocálicos para que a magia seja lançada em alto mar e cruze o oceano de fora a fora assim como o Ryu fez enquanto treinava na praia. Agora como estamos acostumados com esta etapa, vamos juntos saber se essa força é suficiente para encarar qualquer inimigo super poderoso.



Créditos: Official Logo

A abertura do livro da vida se dá por dedilhados calmos de violão até que todo o orquestral se ergue e a voz sussurrada de Rumple percorre o ambiente sofrendo alterações rasgadas provenientes do Black Metal em si, e também limpas. As nuances extremas da vertente se alinham com a soturnidade distribuída de forma magistral. “Along The Waves” descreve que tudo possui um início e um fim, mas que para isso percorra um caminho mais tranquilo há possibilidades para que possa dar certo, caso a insistência no erro não seja maior que a vontade de sobreviver. “O mar que traz serenidade / Para sua alma ferida / Também pode se tornar seu túmulo / Se você for longe demais” – respeitando os seus limites poderá ver o sol brilhar novamente desde que a ambição a e ganância não consumam em definitivo a sua alma. “Fluir ao longo das ondas / Procure um refúgio / Um novo dia virá / Apenas aguente firme.” A segunda parte da epístola atende pelo nome de “The Night Is No More” e carrega um sentimento ainda mais profundo que a canção anterior. Os arranjos de BM ditam o ritmo multiversal dentro da composição medieval e contemporânea na qual abre espaço para Rumple exibir toda sua técnica vocal sem exagerar no conhaque. “A luz que se aproximava quebrou o horizonte / Eu assisto o céu ficar azul / E quando a mente limpa dos pensamentos / O silêncio desaparece / E eu respiro apenas para me sentir vivo” – o ritmo da natureza é o nosso ritmo, pois somos parte dela mesmo que não façamos o bem que ela gostaria de receber. Tal canção possui a inspiradíssima voz de Clare Webster.

“Heart Of The Forest” é a terceira faixa e parece ser uma sequência da anterior só de reparar em seu nome. A melancolia somada ao doce e ao lúgubre se estende até o íntimo do ser, possibilitando um choro da própria alma tentando entender o real sentido da vida. É uma sensação de nada e tudo ao mesmo tempo, como se o mesmo que perecesse nascesse na mesma sequência. “Eu sabia que algo aguarda / Nas profundezas da floresta / Algo que irradia a aura / Isso traz minhas memórias à vida” – como se a vida estivesse partindo, mas que ainda está e parece mais forte e revigorada através das boas lembranças do que passou. Folheando o livro encontramos “Rebirth” que abre o arco com uma guitarra amanhecida e pronta para encarar seu destino. Cada nota é inserida como se um ente guardião tivesse oferecido a fórmula secreta para o tema inserido. “Voltei para um prado seco / De todos os eventos de uma vida / Voltei só para ver / Como florescerá novamente” – observando toda a estrutura e como tudo é reconstruído dando seguimento a todo um processo que seguirá e terminará todos os dias através dos versos cantados com toda a emoção entregue por Rumple.

Créditos: Michael Rumple/Divulgação

A quinta ponta da estrela se chama “Wanderer” e começa de forma mais pesada já com toda a mesa de som em ação, até que deságua em um momento pensativo e alucinógeno espiritual para que decole novamente e prossiga de vento em polpa incluindo um breve solo calmo de guitarra para que ocorra o transcender das almas esperançosas. “Uma jornada sem fim / Após uma faísca fraca de esperança / Enquanto seu espírito ainda permanece / Ele vai junto com o vento” – Anos e anos de saudade de encontrar um lugar mais seguro, ele sentiu que algo estava chamando através de montanhas, florestas e mares… Eis que chega o fim desta viagem, e como toda a jornada completa, possui um começo e um final. Neste final estamos diante de dobras de violões contemplando os campos e a vasta visão para o horizonte da vida. “Scattered Ashes” aparece nesse trecho final para nos avisar sobre o recomeço e a triagem feita pelas almas que retornarão para uma nova jornada muito em breve. Webster empresta sua doce voz mais uma vez para reforçar o comunicado musical reunido nesta sexta e última faixa do disco. “O final de uma temporada / Apenas mais um capítulo da vida / E com o passar do tempo / Sua alma florescerá novamente” – espalhe as cinzas da vida só para ver se foi. Poderá levar algum tempo para subir novamente como uma fênix, mas a linha da vida é assim e tudo recomeçara por novos ângulos e sensações.

Sergey Shenderovsky, autor da capa de “A New Dawn”

Assim termina “A New Dawn” com seu conceito de que a vida possui suas nuances, seus limites, e para concluir seu percurso com dignidade e paz no coração será de acordo com a escolha de cada ser, buscando obter respostas sem que as perguntas se esvaiam com o vento e sem que se perca a razão de viver. É algo chocante e bondoso ao mesmo tempo, como se a ferida que foi aberta e esganiçada estivesse prontamente sendo curada e cicatrizada. Como controlar esses dois lados da moeda eu não sei, até por que as moedas estão em falta por aqui. Mas, de uma coisa eu sei. Esse é para vossa persona que está neste momento redigindo sua sensação em forma de resenha um dos melhores trabalhos do estilo de todos os tempos. Eu não mudaria arranjo ou acorde algum, pois eu somente aprendi ao ouvir o som de Bogdan e seu compatriota Michael, além da magnífica presença da vocalista Clare Webster (Edenfall, Yylva) nas faixas “The Night Is No More” e “Scattered Ashes”. Um toque a mais de volume nos vocais de Rumple poderia ocasionar na nota máxima, porém, creio que ficou de excelente tamanho graças ao que pude presenciar por aqui. O livro da vida pode ser muito complexo para a mente humana, mas que não nos deixemos cair em tentação para não nos tornarmos meros fracassados. Estamos em constante aprendizado e a arte sonora está aí para preencher nossas almas e torná-las cada vez mais fortes.



“This dream feels eternal, but everything has its end.”

Nota: 9,8

Formação:

  • Bogdan “BM” Makarov (todos os instrumentos)
  • Michael Rumple (vocal)
  • Clare Webster (vocal adicional nas faixas 2 e 6)

Faixas:

  • 1. Along The Waves
  • 2. The Night Is No More
  • 3. Heart Of The Forest
  • 4. Rebirth
  • 5. Wanderer
  • 6. Scattered Ashes

Redigido por: Stephan Giuliano



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