Quando me deparei com tal nome, logo me veio à mente aquelas agências de viagens que oferecem diversos pacotes diários para visitar vários países e coisas do tipo até mesmo pelo seu significado. Porém, se trata de mais uma banda dessa nova safra que vem conquistando fãs mundo afora carregando aquela sonoridade oitentista que muitos adeptos admiram e veneram. Direto de Calgary, Alberta. Os canadenses do Traveler acabam de lançar seu primeiro full length no dia 22 de fevereiro via Gates Of Hell Records na qual já posso adiantar que se trata de um álbum que usa de forma inteligente influências de bandas da saudosa New Wave Of British Heavy Metal. Aquela famosa onda que revelou bandas como Saxon, Angel Witch, Tygers Of Pan Tang, etc. E por se tratar de um país como o Canadá, este me faz lembrar algumas bandas importantíssimas para o Rock/Metal mundial como Rush, Exciter, Razor, Sacrifice e Voivod. Dentre muitas outras, é claro!
Como estamos diante de uma estreia, devo apresentar cada integrante para o nosso querido leitor saber sobre os componentes que integram o time. Aproveitando para mencionar que além deste primeiro álbum, também possuem uma demo de 2018 e um split com a banda finlandesa Coronary também de mesmo ano. O Traveler é formado pelo guitarrista Matt Ries (Gatekrashör, Hrom, ex-Reborn Pariah), o vocalista Jean-Pierre Abboud (Funeral Circle, Gatekeeper, Syrinx, ex-Borrowed Time, ex-Shadow Self, ex-Crimson Shadows (live), o baterista Chad Vallier (Pearl Reckless, Riot City, ex-Hrom, ex-Stinger, ex-ゼ[Ze] (live)), o baixista Dave Arnold (ex-Striker) e o também guitarrista Toryin Schadlich (Hazzerd). Um time com uma boa experiência para encarar mais uma jornada erguendo a bandeira do Traveler que fora fundado em 2017.

Como citei acima, o Traveler utiliza da influência daquele bom e qualificado Metal tradicional na qual o caríssimo fã da boa música pode citar qualquer banda da época gloriosa que se encaixará perfeitamente no som deles com toda certeza. Mas, vamos ao que interessa que é a análise do disco.
A abertura do baú do tesouro começa com um chiado como se fosse o barulho de algum rotor que segue girando até que este é sobreposto por uma voz meio demoníaca e meio robótica dando as boas vindas para uma guitarra que parece que veio do passado resgatar toda aquela essência que um dia fez o mundo celebrar o poder do Heavy Metal. “Starbreaker” é o nome da canção que inicia o percurso da bolacha e traz todos os elementos já citados que fará com que muitos adeptos viagem no tempo e outros imaginem estarem nela. Abboud mostra sua voz potente citando sobre o “destruidor de estrelas” retratando a vida e morte da humanidade no tempo-espaço. Aqui vai um trecho: ”Planador cósmico, desafiando as leis do tempo e do espaço / Destruidor antigo, apagando toda corrida fracassada”.

“Street Machine” dá continuidade a essa viagem espacial com as guitarras flamejantes da dupla Ries e Schadlich com seus versos sobre a importância dos atos de cada ser e a causa de tudo isso diante de um mundo que diz ser completamente livre. Em seguida temos em “Behind The Iron” um trabalho bastante competente de Vallier com suas levadas em seu kit. “Trancado afastado por assassinato / Matar após matar era o seu vício” – tratando sobre aqueles que eram consumidos por seus fracassos e agora apodrecem atrás das grades.
De imediato a instrumental “ironmaidiana” e “priestiana” “Konamized” alça voo nos alto falantes ditando o tom amplo do disco, terminando de forma rápida para a entrada de “Up To You”, que desfila toda sua carga positiva, com riffs que viajam no tempo, carregados por estrofes como esta: “Filho único, filho bastardo / Alguns dizem que ele é o escolhido / Expectativas além de seus sonhos / Sinta a pressão de mil mares”.

Em “Fallen Heroes” o baixo de Arnold conduz a canção sem deixar o ritmo cair de produção, mantendo o voo pelo espaço seguro e desviando dos asteróides para que não haja qualquer colisão mais grave. Aqui eu considero um tema super importante que retrata sobre os falsos heróis, ou aqueles que em vida não eram nada, e depois que morrem todos gritam seu nome. Seguindo para a reta final chega a vez de “Mindless Maze” trazendo uma balada característica do estilo – o início me fez lembrar a canção “The Hand That Rocks The Cradle” do Black Sabbath, faixa do álbum “Cross Purposes” (1994) – mas, para por aí. Poucos segundos depois a música descamba para um sequência veloz elevando o ritmo e se eu não falei sobre os solos das músicas ainda, é porque tudo aqui está intrínseco, ou seja, que faz parte de ou que constitui a essência, a natureza de cada faixa do álbum. “Quando seus demônios gemem mais alto que o suspiro / A grama parece mais verde do outro lado” – muitos pedem para serem libertos desse labirinto sem mente. Fechando o disco, temos “Speed Queen” com seu “metalzão” acelerado sob fortes influências de Tyrant e Iron Angel relembrando aquela saudosa época que quem viveu sempre a ressalta com carinho e emoção. Um final digno para quem está com energia suficiente para percorrer grandes distâncias musicalmente falando.

Penso que com um time que conta com músicos que possuem outras bandas e projetos, e/ou vieram de outras bandas que possuem certa trajetória dentro do certame, é quase certo de que o Traveler caia no gosto dos headbangers, principalmente dos que apreciam essa sonoridade que destaquei ao longo do texto. Não existe um destaque em especial por se tratar de uma obra bem balanceada e coesa sem nenhum tipo de exagero. Talvez tenha faltado um pouco mais de contrabaixo e de riffs mais contagiantes, mas isso não diminui a qualidade e não desmerece o resultado final. E que seja o início de uma longa viagem para estes canadenses amantes do Heavy Metal.
Nota: 8,6
Integrantes:
- Matt Ries (guitarra)
- Jean-Pierre Abboud (vocal)
- Chad Vallier (bateria)
- Dave Arnold (baixo)
- Toryin Schadlich (guitarra)
Faixas:
1. Starbreaker
2. Street Machine
3. Behind The Iron
4. Konamized
5. Up To You
6. Fallen Heroes
7. Mindless Maze
8. Speed Queen
Redigido por: Stephan Giuliano