Quando me deparei com essa banda, pensei que poderia ser um novo “Balls To The Wall” (clássico álbum do Accept, lançado em 1983) pela semelhança nos nomes. Devido à formação, me remeteu às bandas como Sanhedrin, Phrenetix e Iron Griffin, outras novidades que apareceram nestes últimos anos. Oriundo de Paris em Île-de-France, o Silverstage realizou sua estreia no mercado fonográfico, lançando o álbum “Heart’n Balls” no dia 24 de janeiro via M & O Music, sendo gravado e mixado no La Grange 69 Studio, e masterizado no Vamacara Studio. Os franceses trazem em seu cardápio especial aquele Heavy tradicional bastante temperado com boas doses de Hard. Eu não gosto de chamar bandas assim de Hard’n Heavy, até por aqui conter mais destaque para o Heavy que para o Hard. E nem mesmo a banda usa tal nomenclatura se auto intitulando uma banda de Heavy Metal apenas. Independentemente disso, o que eu posso garantir é que se trata de um disco especificamente de Heavy Metal, mas dizer se é bom ou não é muito cedo para complementar uma resenha, não acha, caríssimo leitor? O primeiro parágrafo é mais para apresentar a concepção do álbum e de onde a banda é oriunda. Na sequência vamos conhecer os mandatários desta pepita lunar e dissecar a obra juntos! Quanto à fundação da banda, esta é datada do ano de 2013.
O time da terra do Corcunda de Notre Dame é formado por: Jeff Monaco (Cranks, Coverslave) no baixo; Lilian Perrin, o dono das baquetas; Didier “Jayd The Bear” Leray na guitarra; Marianne “G-Wolf” Moser nos vocais. Como se pode notar é mais uma banda com uma frontwoman dentre tantas que engrandecem o cenário musical mundial, contrariando todos aqueles que só pensam que existe uma meia dúzia de mulheres no certame. Agora ficou mais claro o motivo de eu ter citado algumas bandas também com uma garota no comando e que também foram gratas surpresas das quais eu aprecio bastante os trabalhos. Eis que chegou o momento de entrar de cabeça, ou melhor, de ouvidos neste debut dos parisienses.

A abertura do caixote é encabeçada por “All In Need”, que de cara já entrega uma guitarra energizada por pura vontade de tocar e correr para a galera. Nessa passagem que marcará o contorno da obra, temos ingredientes que envolvem as décadas de 70 e 80, tirando o melhor de cada época, dando a necessidade total do ouvinte seguir adiante já no aguardo da próxima elevação sonora. Destaque para o estridente baixo de Monaco. Tal canção lembra os trabalhos de bandas como Night e Tungsten Axe, ambas da Suécia. “Want You Dead” chama para o combate querendo você morto! Morto de vontade invadir a festa, tomar todas e mandar riffs poderosos a ponto de estourarem a vidraça daquela vizinha ortodoxa chata que usa uma garrucha como bengala. Os solos ampliam a camada protetora de qualidade reforçada deste conjunto vibrante e leal ao Metal. “Rise (Feeling Somber)” completa a trinca inicial, entregando uma jornada bastante competente, sem nenhum tipo de apelação sombria, ascendendo para o lado bom da boa “múzga” e afirmando G-Wolf como mais uma grande cantora que chega firme com personalidade pronta para fazer os headbangers lotarem seus shows.
“Come Back” é a quarta faixa contida nesse caixote de rica sonoridade, mantendo a mistura de temperos comentada nos primeiros minutos de passeio por esta estrada repleta de feeling e boas intenções para cada trecho percorrido. Se por acaso se perdeu no caminho, volte e ouça tudo novamente e perceba o quão gratificante pode ser essa viagem. “For The Light”, a meu ver, se trata da melhor canção do disco por mudar a marcha do calhambeque e fazer o chão tremer, derrubando pedras pontiagudas e pesadas do alto do penhasco. O caixote de armamentos sonoros potentes é repleto de receitas e combinações certeiras, incluindo um timbre envernizado, representando os tempos áureos de toda essa estrutura chamada Metal. Jayd The Bear comanda os arranjos magistrais e precisos com o apoio certeiro e eficaz do kit de Perrin. Como toda receita produtiva respeita e exalta um bom som de baixo, aqui temos espaço garantido para todo esse conglomerado fundamental para quem consegue elaborar e finalizar toda essa conta. Se estiver lendo de noite acenda os faróis e siga para a luz, isso se você não conseguir ler no escuro. Se conseguir deve ter sangue de felino pelo visto (risos).

“Can’t Live Without” inicia com uma levada repleta de lactobacilos vivos e sedentos por mais Rock, Hard e Metal. O passeio é amplamente gratificante, embora eu reconheça nesta faixa uma canção mais radiofônica, digamos assim. Não que isso seja ruim, mas vejo “Can’t Live Without” tocando nas rádios tranquilamente, e uma rádio que se preze não pode viver sem esse exemplar. “If Your Love Is Pain” começa de forma suave, apresentando uma calmaria que se eleva aos poucos, se encaixando muito bem na ordem do set list do disco. Algo que é super importante para quem deseja alavancar o patamar do álbum como um todo. Muitas vezes acontece das canções separadas soarem ótimas, mas se mal posicionadas no disco elas podem perder boa parcela de suas forças. Também acontece o contrário, ou seja, músicas que separadas soam um pouco estranho e que juntas em uma ordem especifica e bem estudada no álbum se tornam grandes dentro dessa mesma ordem. Agora enquanto analisamos esses aspectos, G-Wolf nos acompanha esbanjando todo seu talento e afinação, enriquecendo os detalhes de cada verso cantado sobre o seu amor que se for uma dor jamais será algo bom para si mesmo, não passando de uma mentira que ganha força com o passar do tempo.
A penúltima leitura rítmica atende pelo nome da própria banda, ou seja, “Silverstage”. Embora não esteja especificado sobre quem realmente cante essa canção, obviamente que Marianne G-Wolf não se faz presente nas linhas vocais por aqui. É a faixa mais curta do álbum com 2 minutos e 4 segundos, e apresenta um lado mais Thrash. Quem está cantando juntamente com o andamento desta faixa me trouxe à mente bandas como A.N.I.M.A.L. (dos primeiros discos), Shah e Trashmachine. Argentina, Rússia e Ucrânia, respectivamente. E eis que conseguimos vasculhar todo o caixote de especiarias sonoras e nos deparamos com a canção que fecha o rodapé e a tampa deste ótimo trabalho. “Back From Cali” é a faixa ideal para não somente para fechar o disco como também trazer aquele ar de um novo e futuro full lenght. E tomara que lancem mesmo para erguer cada vez mais o nome do Silverstage em busca de glória, reconhecimento e grana. Claro, grana pra continuar nessa empreitada. Tem gente que acha que banda não pode pensar em dinheiro. Só se for o dono da Prevent Senior, querendo bancar o Rock Star. Fora isso, a corrida é válida sim! Sobre Cali eu logo pensei na cidade de Cali na Colômbia. Não sei ao certo se tem a ver, mas fica a citação da conhecida Cali, que é vizinha do nosso país.

O debut do Silverstage marca uma estreia magnífica com uma banda muito bem entrosada e uma vocalista com um carisma essencial e pra lá de especial ao recitar cada estrofe das canções. Que mais essa banda possa conseguir o seu espaço tão disputado no cenário musical. O estágio de prata foi instaurado e a busca pelo ouro seguirá a pleno vapor! Ah, e isso aqui no meu pensamento vale ouro sim! Caixote bom, reforçado e que não pesou no carro durante a viagem toda! E a velha da garrucha também aprovou!
Nota: 8,8
Integrantes:
- Marianne “G-Wolf” Moser (vocal)
- Didier “Jayd The Bear” Leray (guitarra)
- Jeff Monaco (baixo)
- Lilian Perrin (bateria)
Faixas:
1. All In Need
2. Want You Dead
3. Rise (Feeling Somber)
4. Come Back
5. For The Light
6. Can’t Live Without
7. If Your Love Is Pain
8. Silverstage
9. Back From Cali
Redigido por Stephan Giuliano